27-11-2014 Comunicado de imprensa 14/226
Genebra (CICV) – Para 2015, o CICV faz um apelo aos doadores de 1,6 bilhão de francos suíços (1,26 bilhão de euros ou 1,68 bilhão de dólares) para ajudar milhões de pessoas cujas vidas foram destroçadas em decorrência de conflitos armados ou outro tipo de violência. Essa quantia, a maior solicitada pelo CICV até os dias de hoje, representa um aumento de 25% com relação ao apelo inicial feito pela organização no ano passado.
“Este orçamento recorde é necessário para atender às necessidades e adequar a nossa resposta à natureza mutável dos conflitos armados”, afirmou o presidente do CICV, Peter Maurer, em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra, por ocasião do lançamento dos apelos para fundos de emergência da organização. “Presenciamos novos tipos de crises, como novas combinações, quase sempre com dimensões regionais. Já não enfrentamos mais conflitos armados internos ou internacionais simples. Obter acesso e proximidade a um número cada vez maior de pessoas necessitadas e, ao mesmo tempo, lidar com as crescentes e graves limitações de segurança são fundamentais para a organização”. O orçamento do CICV para 2015 inclui as cifras iniciais de 1,38 bilhão de francos suíços para operações no terreno e 194,4 milhões de francos para o apoio prestado pela sede da organização, em Genebra.
Dados essenciais para 2015 (em inglês)
Panorama sobre as operações do CICV em 2014 (em inglês)
Uma característica comum das diversificadas, imprevisíveis e complexas situações de conflitos armados nas quais o CICV está trabalhando no mundo todo é o aumento da brecha entre as vastas necessidades humanitárias e as respostas adequadas. Agora, mais do que nunca, milhões de pessoas em situações cada vez mais voláteis carecem de proteção e assistência. As crises na Síria, Gaza, Iraque, Sudão do Sul, Ucrânia e em outros lugares têm um efeito devastador sobre os civis. No oeste da África, uma região que já enfrentava dificuldades para se recuperar de anos de conflitos, a epidemia de ebola põe à prova as capacidades dos frágeis serviços de saúde e agrava ainda mais a insegurança econômica e alimentar.
A Síria, onde o sangrento impasse persiste com graves repercussões nos países vizinhos, continuará sendo a maior operação do CICV em termos de gastos em 2015, com um orçamento superior a 164 milhões de francos suíços. As operações seguintes em termos de tamanho localizam-se no Sudão do Sul, Afeganistão, Iraque, Somália, República Democrática do Congo, Israel e territórios ocupados, Mali, República Centro-Africana e Ucrânia.
Ao mesmo tempo em que alguns conflitos, como os que acontecem no Oriente Médio, na Ucrânia e no Sudão do Sul, estão nas manchetes e chamam a atenção da comunidade internacional, outros tendem a ser negligenciados e praticamente esquecidos. Em países como Afeganistão, República Democrática do Congo e Somália, para citar alguns, os níveis de violência e de atrocidades contra os civis não perdem nada da sua intensidade e agravam ainda mais a situação humanitária, enfraquecida por décadas de conflitos.
Uma prioridade para o CICV nos próximos anos será aumentar a sua resposta às necessidades de saúde, em particular, de atendimento cirúrgico aos feridos, assistência à saúde aos detidos e reabilitação física às pessoas com deficiência. “Outra prioridade será consolidar e reforçar o enfoque da organização no que se refere às necessidades humanitárias dos detidos, deslocados internos, refugiados e migrantes vulneráveis”, explicou Maurer.
Uma terceira prioridade será fortalecer a resposta do CICV contra a violência sexual em lugares como República Centro-Africana, América Central, Colômbia, República Democrática do Congo, Líbano, Mali e Sudão do Sul. “A organização tentará abordar tanto as causas como os efeitos da violência sexual de forma abrangente, que inclua não somente assistência à saúde e apoio psicossocial, mas também assistência preventiva e ações para aumentar a conscientização”, declarou Maurer.
“Um desafio predominante agora é encontrar e buscar formas mais inovadoras de responder às necessidades que permitirão à organização levar ajuda de maneira mais eficaz e rápida àqueles que a necessitam e levar em consideração os seus pontos de vista sobre o que precisam”, afirma. Maurer ressalta que o CICV com frequência leva ajuda às pessoas em áreas remotas, como no norte do Mali e determinadas partes da Nigéria, aonde poucas organizações humanitárias conseguem chegar, e continuará trabalhando dessa maneira.
Este ano foi muito difícil em termos de segurança, resultando na morte de três colaboradores do CICV na República Centro-Africana, Líbia e Ucrânia. Na Síria, onde três colaboradores do CICV ainda estão em poder de grupos armados, 40 voluntários do Crescente Vermelho Árabe Sírio foram mortos desde o início do conflito há quase quatro anos. Agora, como sempre, o CICV se esforça para conseguir o tênue desafio entre prestar ajuda humanitária onde é necessário e garantir que as suas equipes não sejam expostas a um risco desnecessário.
O CICV seguirá adiante com os seus esforços para levar assistência à saúde mais segura em conflitos armados e outras emergências. “Em diversos países, os profissionais, estabelecimentos e veículos de saúde são alvejados por grupos armados”, conta Maurer. “A violência não só impede o acesso à assistência à saúde, mas também enfraquece os próprios serviços de saúde. A organização não deixará esmorecer os seus esforços para pôr um fim a essas práticas intoleráveis”.
“O CICV fortalecerá a sua parceria com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho no mundo todo, sobretudo no caso de haver emergências de grande escala, e ampliará o seu contato com outras organizações e grupos de influência. Em contextos cada vez mais complexos e perigosos, é crucial a estreita cooperação com terceiros – ao mesmo em que a organização mantém o seu enfoque neutro, imparcial e independente à ação humanitária – de modo a manter ou obter acesso às pessoas que precisem de ajuda e responder melhor às suas crescentes necessidades”, declarou o presidente do CICV.
Mais informações:
Dibeh Fakhr, CICV Genebra, tel: +41 22 730 37 23 ou +41 79 447 37 26
Dorothea Krimitsas, CICV Genebra, tel: +41 22 730 25 90 ou +41 79 251 93 18
Sebastien Carliez, CICV Genebra, tel: +41 22 730 28 81 ou +41 79 536 92 37